O Rosário nos perigos
Salvo pelo Rosário
Última Ave-Maria, último suspiro!
Do livro Tesouro de Exemplos – Padre Francisco Alves, C. SS.R. Editora Vozes
Volume I Edição II 1958
Já faz bastante tempo, deu-se na cidade de Cartago, na república de Costa Rica, um terremoto tão violento que a destruiu quase por completo.
A Revista "América", dos Jesuítas de Nova York, narrando os pormenores da pavorosa catástrofe, chamou a atenção dos leitores para o fato seguinte:
D. Ezequiel Gutiérrez, que fora presidente daquela república, no momento do cataclismo, achava-se em sua casa rezando o rosário acompanhado de toda a sua família. Algumas pessoas quiseram interromper a reza e fugir para a rua, mas o chefe obrigou-as a ficar até terminar o rosário.
Acabada a oração, saíram à rua e qual não foi o assombro de todas ao verem as casas convertidas em ruínas. Em toda a redondeza nenhum edifício ficara intacto; a desolação era completa; somente a casa do ex-presidente não sofrera nenhum dano, nem sequer um abalo.
Evidentemente Nossa Senhora a tomara sob a sua especial proteção, porque ali se rezava o seu rosário.
Salvo pelo Rosário
Era em maio de 1808. Os habitantes de Madrid tinham-se levantado contra o intruso José Bonaparte, que usurpara o trono dos Bourbons.
Os insurretos, cheios de ódio contra os franceses, matavam sem piedade os soldados que podiam surpreender nas ruas e nas casas.
Certa manhã encontrou-se o célebre Dr. Claubry com uma turba de insurretos que, pelo seu traje, viram que pertencia ao exército invasor.
O Dr. era grande devoto de Nossa Senhora e pertencia à Confraria do Rosário. Naquele dia mesmo recebera a comunhão numa igreja dedicada a Nossa Senhora e voltava tranquilamente para casa.
Quando percebeu o perigo, levantou as mãos ao céu e invocou os santos nomes de Jesus e Maria.
Já estavam prestes a matá-lo, acoimando-o de renegado e ímpio, quando uma feliz idéia lhe passou pela mente.
- Não, disse, não sou infiel nem blasfemo e se querem uma prova, vede o que tenho comigo. E mostrou-lhes o rosário que estava rezando.
Diante disso os assaltantes baixaram imediatamente as armas, dizendo:
- Este homem não pode ser mau como os outros, pois reza o rosário.
Precisamente naquele instante, como que enviado por Nossa Senhora, surgiu ali o sacristão da igreja em que o Doutor comungara e, vendo-o cercado pelos insurretos, gritou bem alto:
- Não lhe façam mal; é devoto de Nossa Senhora; eu o vi comungar esta manhã em nossa igreja.
Ouvindo isto, os agressores acalmaram-se, beijaram o crucifixo do rosário de Claubry e levaram-no a um lugar seguro.
Regressando à sua pátria, o piedoso Doutor publicou o favor recebido e continuou toda a sua vida rezando o rosário.
Última Ave-Maria, último suspiro!
Achava-se num asilo de velhos um antigo soldado que, apesar de sua vida de caserna e acampamento, se conservava dócil e acessível às verdades religiosas.
Um sacerdote, que o visitava com frequência, falou-lhe da devoção do rosário e ensinou-lhe o modo de rezá-lo.
Deu-lhe a Irmã um rosário e o velho militar achou tamanho consolo em rezá-lo, que sentia muito não o ter conhecido antes, dizendo que o teria rezado todos os dias.
- Irmã, (perguntou um dia), quantos dias há em sessenta anos?
- A Irmã fez o cálculo e respondeu:
- 21.900 dias.
- Irmã, e quantos rosários teria eu que rezar cada dia para, em três anos, chegar a esse número?
- 20 cada dia, disse-lhe a Irmã.
Daí em diante via-no, dia e noite, com o rosário na mão.
Após três anos de sofrimentos, suportados com grande paciência, chegou ao seu último rosário.
Ali o esperava a morte, pois não viveu nem um dia nem uma hora mais. Ao terminar a última Ave-Maria, deu o último suspiro, entregou sua alma a Deus.
Do livro Tesouro de Exemplos – Padre Francisco Alves, C. SS.R. Editora Vozes
Volume I Edição II 1958
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